sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dramaturgia celebrada com livro-CD


Recife, 17 de outubro de 2010 – “Uma dramaturgia que pode ser apreciada de diversas maneiras. Uma sucessão de batalhas que sangra, engravida, se embeleza com ‘touca’, se em beleza para si, para o outro e para a outra, que é violada (...)”. Estas são palavras do dramaturgo Newton Moreno (Cia. Os fofos Encenam-SP), na apresentação que faz da obra Guerreiras – Texto teatral e Trilha sonora original. O livro-CD, concebido pela atriz, diretora e dramaturga pernambucana Luciana Lyra será lançado consecutivamente em São Paulo – durante o IV Congresso brasileiro de pesquisa e pós-graduação em Artes Cênicas (UNESP-SP), entre 9 e 12 de novembro – e em Pernambuco: na VI FLIPORTO, no dia 12, às 16h, na Praça do Carmo, em Olinda, e com pocket show e palestras na Livraria Cultura, dia 17, às 19h.




O livro-CD, que tem patrocínio do Funcultura-PE (2009) e prefácio do também dramaturgo pernambucano Luiz Felipe Botelho, traz a dramaturgia e a trilha sonora originais do espetáculo Guerreiras, produzido pela Companhia Duas de Criação e apresentado em diferentes temporadas no Recife, Goiana e São Paulo, entre 2009 e 2010. O texto-encenação é um dos desdobramentos da pesquisa de Doutorado de Lyra na Universidade de Campinas (Unicamp - SP) acerca da comunidade de Tejucupapo.

“A dramaturgia foi desenvolvida com textos, citações e narrativas das mulheres de Tejucupapo, colhidos a partir da residência da equipe de pesquisa cênica na comunidade. A realidade destas mulheres entrou em ressonância com as vivências das atrizes-criadoras de Guerreiras, estimulando uma rede de memórias pessoais e significações”, conta Luciana Lyra. Segundo o colega Newton Moreno, a iniciativa é “um terreno fértil para as atuais pesquisas do teatro brasileiro. Uma dramaturgia que resgata um pouco da rubrica de encenação. Um diário de bordo sistematizado de como se teceu esta rede à margem do manguezal”.

A trilha sonora criada especialmente pela musicista Alessandra Leão para o espetáculo foi incluída no projeto porque, de acordo com Luciana, em Guerreiras “o diálogo estreito com a música e a musicalidade, quebram convenções cênicas, recuando os limites do ‘representável’ e galgando maior liberdade e abstração.” Notória admiradora da cultura do interior pernambucano, Alessandra Leão foi a Tejucupapo – na fase de residência cênica de Guerreiras, em 2009. A experiência levou as vozes rasgadas dos coco, cavalo marinho e ciranda, típicos da Mata Norte para a trilha sonora. Mas de acordo a musicista deixou-se “espaço também para alguns novos sons que circulam pela região, como o brega”. Um exemplo é Cheira que é de pêra, uma das faixas do álbum. As letras criadas por Alessandra – e cantadas algumas pelas próprias atrizes em cena - transformam poesias em palavras de ordem, como na faixa Senão: “Se não tivesse saído/Como teria chegado/Se não tivesse parado/Como teria caído”. No pocket show no dia 17 de novembro, as músicas da trilha serão apresentadas por Alessandra e outros músicos convidados.

O espetáculo - Triplamente agraciado pelo Funcultura -2008 e os Prêmios Myriam Muniz e Artes Cênicas na Rua, da Funarte, em 2009, Guerreiras foi concebido e encenado como espetáculo para espaços abertos, em uma atmosfera hipernaturalista, que remontava às brincadeiras populares, o terreiro ou mesmo o campo de batalha de Tejucupapo, nos idos de 1600. Na primeira temporada, ainda em 2009, a montagem da companhia Duas de Criação foi exibida no campus da Usp, em São Paulo, no Campus da UFPE e Sítio da Trindade, em Recife, e no Campo do Trincheira Futebol Clube, em Tejucupapo. Já em 2010, a turnê batizada de Guerreiras em circuito de guerra, levou Luciana Lyra, Viviane Madu, Cris Rocha, Kátia Daher e Simone Evaristo a encenarem em endereços marcados por batalhas históricas e focos de ocupação holandesa no Recife, começando pelo Forte do Brum, seguindo para o Forte das Cinco Pontas e novamente ao Sítio da Trindade, onde havia o Forte do Arraial do Bom Jesus. Todas as apresentações de Guerreiras foram gratuitas.

Serviço
Guerreiras – Texto teatral e Trilha sonora original IV Congresso da ABRACE 9-12 de novembro de 2010 (Unesp – Barra Funda - SP)
IV Festa Literária de Pernambuco (Fliporto) 12 de novembro de 2010 (Praça do Carmo – Olinda – PE) 16h
Livraria Cultura 17 de novembro de 2010 (Paço da Alfândega – Recife – PE Palestra e Pocket com Alessandra Leão e Músicos convidados 19h
Jornalista responsável: Raquel Lima (81) 9740-9208

sábado, 16 de outubro de 2010


Guerreiras - Texto teatral e trilha sonora original
Dramaturgia elaborada por Luciana Lyra, com a colaboração das atrizes-criadoras Cris Rocha, Katia Daher, Simone Evaristo e Viviane Madu, especialmente destinada à encenação homônima, que estreou no Recife, em 2009, sob direção da autora. Texto dramático e cênico, incluindo nesta trança a trilha sonora original composta por Alessadra Leão, configuram-se enquanto desdobramento do Doutorado em Artes de Luciana Lyra, acerca das mulheres de Tejucupapo, distrito da Zona da Mata Norte de Pernambuco.
Em Novembro de 2010, haverá três lançamentos do livro-cd, no IV Congresso da Abrace, na Unesp em São Paulo; na IV Fliporto, em Olinda e na Livraria Cultura, em Recife. Confira as datas e não deixe de prestigiar.



Guerreiras - Texto teatral e trilha sonora original
Luciana Lyra e Alessandra Leão
Lançamentos
De 9 a 12 de novembro de 2010
IV Congresso da Abrace - Unesp-SP
12 de novembro de 2010
IV Festa Literária de Pernambuco (Fliporto-2010)
16h - Pça. do Carmo, Olinda-PE
17 de novembro de 2010
Livraria Cultura
Paço Alfândega da, Recife-PE - 19h
(Coquetel e Pocket Show com Alessandra Leão)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Em novembro 'Guerreiras - Texto teatral e trilha sonora original'

"A questão mais premente para mim é justamente que o texto está armado em rede, tangenciando um campo mítico que o sustenta, ao depoimento das mulheres de Goiana e sua reverência às guerreiras de Tejucupapo, com a reverberação deste material no corpo-memória das atrizes. (...) O aprendizado do humano na beira do mangue com respaldo das deusas. Um passeio muito interessante entre a fonte histórica (a resistência e luta das mulheres de Tejucupapo), a pesquisa de campo com as mulheres que habitam a região e o relato de suas lutas diárias, o campo de deusas e mitos que ampara milenarmente todas estas mulheres e o canto de guerra de cada atriz, sensivelmente inserido no Movimento da Guerra. Mesmo que se perca onde um começa e o outro termina, esta escrita multifocal nos permite uma viagem, um passeio, uma sugestão de guerras do feminino".

(Fragmento da apresentação do livro por Newton Moreno)