terça-feira, 22 de junho de 2010

Daqui Prali na imprensa pernambucana

DIARIO DE PERNAMBUCO


Trejeitos de andarilho e caboclo de lança
Viviane Madu apresenta espetáculo de dança Daqui prali, com técnicas de dança popular e contemporânea

Luiza Maia // especial para o Diario

Amadurecida técnica e conceitualmente, Viviane Madureira volta ao Recife para o lançamento do espetáculo solo de dança Daqui prali, da Companhia Duas de Criação. A artista pernambucana - que agora assina Viviane Madu, abrindo mão do sobrenome da família, agrega à dança popular e contemporânea experiências mais recentes com técnicas japonesas, performance e teatro, no grupo paulistano Os Fofos Encenam.


Artista pretende surpreender as pessoas, fazer com que elas saiam de seu cotidiano Foto: João Milet Meirelles/Divulgação
Daqui prali começou a surgir a partir da crença de que não há fronteiras entre o popular e o contemporâneo. "São trajetórias que se entremeiam. Pensando nas trajetórias e cruzamentos, quis trilhar um caminho, que se materializa agora", explica a bailarina sobre o espetáculo, que se inspira nos caboclos de lança do maracatu rural e nos andarilhos, que, na percepção dela, se assemelham aos artistas porque estão sempre a descobrir e desbravar a vida, ao mesmo tempo se aproximando e se distanciando.

Três corpos - do brincante, do andarilho e da própria artista - se misturam na performance, que joga com o encurtamento das distâncias. Ela carrega consigo elementos rurais e urbanos, que se fazem presentes em sua expressão e coreografias. "Os movimentos são suaves, mas embebidos de uma força interna muito grande", define Madu, que se apropriou das técnicas japonesas seitai-ho e do-ho de aumento da sensibilidade e percepção do corpo ensinados por Toshiyuki Tanaka e Cecília Ohno. O Mestre Nico, do Maracatu Cruzeiro do Forte (PE), também participou da pesquisa.

A proposta é não ver separação entre o popular e o contemporâneo, entre um lugar e outro. "Minha intenção é realmente surpreender as pessoas, fazendo com que elas saiam de seu cotidiano para apreciar a arte, que é do povo e deve estar junto dele", explica Viviane sobre o espetáculo que será apresentado em ruas movimentadas da cidade, em horários de intensa circulação de pessoas, às 12h e 17h.

Foram quatro meses de ensaio até chegar no resultado a ser apresentado este mês, que ela defende não ser o final. "Acoreografia não é fechada e está sensível a intervenções. Nossos ensaios foram feitos ao ar livre, a maioria deles na rua, no meio do povo", lembra. Daqui prali foi contemplado pelo Funcultura e Prêmio Funarte de Dança Klauss Viana no ano passado.

O processo de montagem começou em novembro, sob influência das pesquisas que desenvolve para a monografia de conclusão do curso de Comunicação das Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), da qual o espetáculo é um dos capítulos. A pesquisa em dança foi o motivo de sua saída de Pernambuco, mas a ligação com a terra natal é muito forte, pessoal e profissionalmente, motivo que trouxe a estreia Daqui prali para o Recife. "É a minha cidade, meu berço. Não ficarei para sempre aqui, porque preciso desse diálogo", confessa.

Serviço

Daqui prali, com Viviane Madu
Dia 21/06, às 17h na Avenida Conde da Boa Vista (altura da Rua Gervásio Pires)
Dia 22/06, às 12h na Avenida Dantas Barreto (altura do Pátio do Carmo), e às 17h, na Rua da Imperatriz (altura da Rua da Aurora)
Dia 23/06, às 12h, na Rua das Calçadas (altura da Igreja de São Félix)
Haverá outras apresentações no mês de julho

Link: http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/06/21/viver5_0.asp

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JORNAL DO COMMERCIO


Link (apenas para assinantes): http://jc2.uol.com.br/digital/20100621/index1024.php

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FOLHA DE PERNAMBUCO

Dança contemporânea nas ruas

Hugo Viana

Apresentar o espetáculo “Daqui prali” envolve certa dificuldade para catalogar sua narrativa: não é exclusivamente dança, também não é apenas performance e tem ainda um pouquinho da estética teatral. “Nosso interesse era justamente borrar fronteiras entre essas linguagens”, esclarece Viviane Madu, bailarina responsável pela concepção e execução do projeto. “É um espetáculo que tem elementos de construção de cada uma dessas expressões”, explica. O trabalho de Viviane poderá ser visto em diferentes espaços urbanos do Recife: Avenida Conde da Boa Vista (hoje, às 17h), Avenida Dantas Barreto (amanhã, ao meio-dia), Rua da Imperatriz (amanhã, às 17h) e Rua das Calçadas (quarta-feira, ao meio-dia). Depois, o evento está programado para passar por Acre, Rondônia, Amazonas e Maranhão. Todas as apresentações são gratuitas.

A narrativa conta a história de dois personagens, um andarilho e um caboclo de lança (os dois interpretados por Viviane), arquétipos que questionam seus ideais de vida durante uma jornada pela cidade. “Vou carregar todo o material que preciso para construir a cenografia num caixote. Quando sentir necessidade de usar determinado objeto, tiro da caixa e improviso”, comenta a bailarina. “Essa longa caminhada reflete a poeticidade que essas duas figuras solitárias possuem: é uma mistura de questões existenciais com a realidade dos brincantes, no sentido de utilizar recursos típicos das manifestações populares”, conceitua Viviane.

Para organizar essa história carregada de símbolos, Viviane utilizou habilidades performáticas japonesas, como o sei-tai-ho. “Para isso, tive orientação da performer paulista Cecília Ohno. Essa é uma técnica japonesa é bem delicada... Como poderia explicar? É mais ou menos algo que propõe abrir a percepção das pessoas e trabalhar o corpo com mais sensibilidade. É também uma técnica que tem forte ligação com a natureza”, ressalta Viviane.

O conceito da peça/performance é fornecer ao público do Recife a oportunidade de fruir algo que normalmente está associado ao eruditismo e a teatros fechados: a dança contemporânea. “Nossa proposta é invadir as ruas no cotidiano das pessoas e levar a elas a dança contemporânea, estilo que muitas vezes é visto como algo que só acontece nos teatros, nos palcos de piso de linóleo”, adianta Viviane. “Queremos quebrar um pouco essa hierarquia e trazer a dança contemporânea para o chão de asfalto, para o povo, para os centros urbanos. Em cada lugar o público vai ter uma experiência diferente: numa peça de rua, temos que lidar com imprevistos”, explica a bailarina.

Link: http://www.folhape.com.br/index.php/caderno-programa/575623-danca-contemporanea-nas-ruas

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