sexta-feira, 4 de junho de 2010

Espetáculo Guerreiras




Ainda no ano de 2007, Luciana Lyra partiu para o aprofundamento da máscara ritual da guerreira Joana, ouvindo os ecos de um imaginário comum em Tejucupapo-PE, onde antes dela e bem perto dela, trincheiras tinham sido escavadas na proteção da identidade, do espaço e da história de outras e várias mulheres.

Foi no período de ocupação do Nordeste do Brasil, em particular, de Pernambuco, pelos holandeses, entre 1630 e 1654, que ocorreu o episódio conhecido como a Batalha de Tejucupapo, no qual houve o primeiro combate com participação feminina, registrado no Brasil. Foi também no mesmo distrito de Tejucupapo, localizado na cidade de Goiana, que D. Luzia Maria da Silva, funcionária pública, lotada no posto de saúde do lugarejo, passou a restaurar a peleja histórica das suas conterrâneas ancestrais, por meio do teatro.

O espetáculo A Batalha das Heroínas, por ela dirigido desde 1993, tem como atuantes as próprias mulheres de Tejucupapo, “atrizes” recrutadas entre donas-de-casa, servidoras públicas e pescadeiras – como são chamadas aquelas que vivem da maré, catando mariscos e ostras para a venda na sede do distrito. No teatro, as mulheres trazem à tona as suas próprias vidas.

Esta encenação da batalha e suas atuantes, que já serviram como mote para documentário, livros, composições musicais e alguns registros em revistas, jornais e cordéis, veio a ser tema inédito de pesquisa de Doutorado em Artes pelas mãos da Luciana Lyra, que em conjunto com a defesa de tese sobre a máscara-mito da guerreira, montou um espetáculo baseado na vivência com as mulheres de Tejucupapo e intitulado GUERREIRAS. Este espetáculo, que se configura como a quarta montagem da Companhia Duas de Criação, cumpriu curta temporada em Recife e Tejucupapo no mês de abril de 2009, também subsidiada pelo FUNCULTURA de Pernambuco. Foram oito apresentações, sendo cinco na capital e três no distrito tejucupapense, todas em espaços públicos, gratuitamente e ao ar livre.

Em 2010, cumpriu nova temporada na capital pernambucana, uma circulação realizada em espaços marcados por batalhas históricas em Pernambuco, uma marcha, a qual denominamos: circuito de guerra. Os espaços públicos de apresentação foram: o Sítio da Trindade, o Forte das Cinco Pontas e o Forte do Brum. Os mesmos terrenos, onde se ergueu a peleja cênica de GUERREIRAS, foram focos de resistência, hoje centros públicos de memória histórica do Estado. Para esta última temporada, a "Companhia Duas de Criação" contou com subsídio dos Prêmios Funarte de Teatro Myriam Muniz e Funarte Artes Cênicas na Rua, de 2009.

GUERREIRAS tem encenação e dramaturgia de Luciana Lyra, direção de movimento de Viviane Madureira, cenografia de Vânia Medeiros, Anselmo Madureira e Duas de Criação, figurinos de Antônio Apolinário e Duas de Criação, design de luz de Luciana Raposo, cenotécnica de Zé Valdir, direção musical e trilha sonora original de Alessandra Leão, sonoplastia de Felipe Ferreira, produção executiva de Karla Martins e administração financeira de Carla Carvalho. No elenco as atrizes-pesquisadoras: Cris Rocha, Katia Daher,Luciana Lyra, Simone Evaristo e Viviane Madureira. Fotos de Shima, João Maria e Val Lima. Assessoria de Imprensa de Raquel Lima.

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